Butantan tem aprovadas e anunciadas PDP para vírus sincicial respiratório e PDIL para dengue e gripe aviária  

Fundação Butantan e o Instituto Butantan têm em sua história uma das PDPs mais bem-sucedidas da saúde no Brasil, com acordo assinado em 1999 para vacina da influenza 

Reportagem: Marcella Franco
Imagens: Comunicação Butantan

Foram anunciadas nesta terça-feira (25) parcerias do Instituto Butantan via PDIL (Programa de Desenvolvimento e Inovação Local) e PDP (Parceria para o Desenvolvimento Produtivo), com apoio do Ministério da Saúde. Das quatro parcerias apresentadas no evento, em Brasília, três são com o Butantan.

Uma PDP (Parceria para o Desenvolvimento Produtivo) do Butantan vai internalizar a produção da vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR) no Brasil. Na ação, que acontece em parceria com a Pfizer, haverá capacidade de produção de até 8 milhões de doses anuais. 

O VSR é um vírus respiratório que causa sintomas semelhantes aos do resfriado. Enquanto na população adulta a recuperação é rápida, em até duas semanas, entre as crianças há alta incidência de formas graves da doença e de complicações, como a bronquiolite e a pneumonia. 

As PDPs são firmadas entre Ministério da Saúde, um laboratório público e uma empresa privada detentora de uma tecnologia de interesse do SUS. Neste formato, o ministério entra como detentor do poder de compra do medicamento e como regulador do programa, enquanto o laboratório trabalha como incubador da tecnologia no Brasil. Já a empresa privada é quem vai transferir esta tecnologia, tendo como contrapartida uma reserva de mercado e o fornecimento do produto durante um período de tempo previamente acordado, até a transferência da tecnologia para a produção local.

A Fundação Butantan e o Instituto Butantan têm em sua história uma das PDPs mais bem-sucedidas da área da saúde no Brasil. Em 1999, foi assinado acordo para a transferência de tecnologia da vacina da influenza com a francesa Sanofi-Aventis. Em 2011, foram produzidas 3 milhões de doses; no ano seguinte, houve a certificação pela Anvisa e, em 2014, o número de doses entregues subiu para 20 milhões. 

A primeira das duas iniciativas do PDIL anunciadas nesta terça é de uma vacina Influenza H5N8, tendo como alvo a gripe aviária. A ideia é que em um primeiro momento o imunizante não seja aplicado, mantendo-se como um estoque estratégico e acelerando a capacidade de produção do país.

O segundo projeto apresentado objetiva a produção em larga escala da primeira vacina em dose única 100% nacional contra a dengue, a Butantan-DV, com oferta de 60 milhões de doses anuais a partir de 2026 e possibilidade de ampliação a depender da demanda e da capacidade produtiva. 

A vacina, que mostrou eficácia de 79,6% a 89,2%, ainda precisa ser aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e passar por avaliação na Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). 

O acordo já foi aprovado e está em fase final de desenvolvimento tecnológico. Pelo cronograma acertado, as doses devem chegar ao público elegível entre 2026 e 2027 por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI). O projeto tem o apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

O PDIL (Programa de Desenvolvimento e Inovação Local) visa impulsionar o desenvolvimento produtivo e tecnológico de soluções inovadoras feitas no Brasil. Instituições públicas, Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs) ou entidades privadas sem fins lucrativos podem submeter propostas de projetos. 

O anúncio aconteceu no Planalto. Estiveram presentes os presidentes do Instituto Butantan, Esper Kallás, o diretor executivo da Fundação Butantan, Saulo Simoni Nacif, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, além de outras autoridades.

 

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