Projetos voltados à melhoria de processos na produção de soros e vacinas vencem prêmio da Fundação Butantan

Segunda edição do Encontro de Melhoria Contínua apresentou 54 colaboradores formados na metodologia Six Sigma e também premiou seis propostas  

Reportagem: Marcella Franco
Imagens: Renato Rodrigues/Comunicação Butantan

Em um mar de boas ideias, seis se destacaram ao longo do ano de 2024 na Fundação Butantan – e foram premiadas por isso. Elas fazem parte do ciclo mais recente do programa de Melhoria Contínua implementado na organização e celebrado nesta segunda-feira (24) durante o Segundo Encontro de Melhoria Contínua do Butantan, que reuniu dezenas de colaboradores e convidados especiais.

“A gente vê no mercado diversos ramos de atividade em que a Melhoria Contínua e a excelência operacional estão presentes, e tudo isso traz um alerta de sobrevivência para as empresas. Se você não é ágil nos processos, ou não tem um método para fazer com que as coisas aconteçam de forma muito pragmática e sustentável, pode acabar comprometendo a entrega da organização no futuro”, acredita Manoel Eugênio da Silva Júnior, diretor de Melhoria Contínua na Fundação Butantan.

 

A instituição se baseia nos fundamentos da metodologia Six Sigma. Em seu ciclo de 2024, que teve início em meados de março passado, foram apresentados cerca de 50 projetos de Yellow Belt e 30 de Green Belt. Foi um grande avanço em relação ao ciclo anterior – o primeiro da instituição –, quando havia menos de uma dezena de inscritos dentro de cada uma das categorias.    

“Parabéns a todos que participaram e apresentaram seus projetos. Fiquei muito contente em ver o clima deste evento. Quando se consegue ter um ambiente leve, as coisas funcionam muito bem e se permite a criatividade e a ruptura por parte das pessoas. Hoje foram 54 pessoas formadas, este é um contingente significativo. Se fizermos isso ano após ano, quando virmos, a organização inteira estará com esta mentalidade”, celebrou Saulo Simoni Nacif, diretor executivo da Fundação Butantan. 

Entre os Yellow Belts, o vencedor foi “Controle de Soluções da Câmara Fria de Produto Intermediário”, de Alane Xalega. Diante do problema do elevado número de frascos de alta rotatividade armazenados na câmara fria, e da consequente dificuldade de ter um controle mais robusto, a proposta do projeto era implementar procedimentos de organização e reduzir o tempo gasto neste processo.

Em segundo e terceiro lugares da categoria ficaram com “Tempo de Alimentação dos Animais” e “Otimização nos Testes de Biocarga e Endotoxina Bacteriana para Amostras de Soros”, respectivamente. 

O primeiro lugar dos Green Belts foi para o projeto “Otimização do Uso de Materiais Estéreis para o Preparo de Soluções do PVD”, de Beatriz Dovadoni, que identificou a sobrecarga da única autoclave do setor de preparo de soluções na fábrica da vacina da dengue. A máquina consome 26% dos ciclos de esterilização dos frascos de polipropileno reutilizáveis – a ideia para melhoria envolve a utilização de bolsas single use em vez dos frascos, sendo possível manter a qualidade do produto, como demonstraram os testes-piloto.  

O projeto “Melhoria da Eficiência dos Filtros do LIN” ficou em segundo lugar entre os Green Belts, e a terceira colocação foi entregue ao “Receita Econômica para Sistema de HVAC”. Por fim, o projeto “Redução do Descarte de Materiais” foi eleito na categoria Voto Popular/Escolha do Público com 92 votos. 

“Tivemos quase R$ 20 milhões de savings ou de custos que a gente evitou para o Butantan nesses dois anos. Mas, muito mais importante do que isso, é saber que estes profissionais vão poder ter uma vantagem em seu currículo”, afirmou Marcio Lassance, superintendente da Fundação Butantan em sua fala de abertura do evento, realizado nos quatro auditórios da sede.  

A jornada de certificação Six Sigma da Fundação Butantan é composta de tollgates, mentorias e avaliações, e inclui acordos com a área financeira e reuniões com comitês financeiros da organização. Neste ano, se formaram três turmas de Yellow Belts e duas turmas de Green Belts, e os certificados estão distribuídos de maneira equilibrada, com interesse de 55% de mulheres e 45% de homens. 

O evento contou ainda com palestras de dois líderes de Melhoria Contínua do mercado. A primeira foi de Monica Silva, coordenadora da área na GOL Linhas Aéreas, que falou sobre “Kaizen, da Implementação à Sustentação”. Em seguida, o Butantan recebeu Renato Azevedo, gerente corporativo do Programa Lean Six Sigma do Hospital Israelita Albert Einstein, com palestra sobre “Programa de Excelência Operacional”. 

Atualmente, a área de melhoria no Butantan está executando o Projeto Harvest do ciclo 2025 – ou “colheita”, como se diz informalmente. Depois deste momento, virão a definição dos projetos, a seleção dos belts, os treinamentos e a execução dos projetos escolhidos. Para Manoel Eugênio, o perfil do aspirante a belt inclui, entre outras capacidades, iniciativa, habilidades de relacionamento e comunicação e para trabalhar em equipe, motivação para alcançar resultados, raciocínio analítico e capacidade de concentração. 




 

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